sexta-feira, 10 de agosto de 2012

É muito difícil continuar escrevendo nos dias de hoje, tanto pela falta de fé das pessoas nos escritores quando pelo meu medo de estar submersa pela escuridão desse pântano de sangue outra vez.
Não consigo mais escrever. Não consigo escrever sem me arrancar pedaços, sem ficar espalhada pelos cantos, sem estar em frangalhos, migalhas. Me desmontar... nem que seja pra remontar tudo depois.
Nunca imaginei que seria assim. A vida eu até tinha uma noção de que, de um jeito ou de outro, seguiria. Aos trancos; mas isso? Assim? Sem poder dizer nada? Sem poder cuspir quando sinto gosto ruim, sem poder vomitar quando o conteúdo ingerido não se adapta ao meu organismo? Que estranho.
Não me sinto.
Escrevo, preencho a linha inteira, e deixo só metade. Ou nem isso. Como na linha acima, tinha mais história ali, apertei várias vezes a tecla de apagar. Só "não me sinto" deve bastar.
Quando era o começo, quando eu tinha muito menos experiência pra me sustentar, sobreviver, o desespero me fazia explodir. Eu não sabia o que fazer, aquele drama, pessoas te apontando como adolescente em crise...
Mas aí você cresce.
E o mundo te cala.
A vida te censura.
Então eu tenho de aprisionar todo esse ácido no estômago, essas coisas que desde aquele tempo, eu não consigo explicar, eu não tenho respostas, eu não encontro ninguém que saiba, que entenda do que eu estou falando. Que sinta o que eu estou transcrevendo aqui.
E eu já não sei se era pior ser adolescente explosiva, porem expressando-me, ou ser uma quase-adulta calada, quieta, de olhar frio, fazendo trabalhos manuais, em jejum, sem aquele cafézinho pra socializar, sem o cigarro pra aliviar, só esse buraco. Esse vazio. Esse grito.Surdo.Mudo. Sem eco.
E isso me faz um mal amargo... me cala... porque.. eu continuo enxergando como sempre enxerguei. As coisas que ninguém diz, o que ninguém te explica, isso MORA na minha cabeça. Sempre morou.
E é como se isso não tivesse valor. Fosse nada. E então eu retorno a linha de pensamento lá de... 2009, 2010, de que sou é completamente louca.
Será que eu me tornei a pedra? Sim, a pedra a qual Caio Fernando se refere no conto Diálogo, em Limite Branco, se não me engano...
Não tenho mais conclusões nem teses. Não sei se isso é me conformar, ou se me cansei. Ou se cresci demais.
Entretanto, sigo. Habitante de lares sem muros.
Perdoem o mal jeito com as palavras. Perdoem mesmo. Sinto saudade dos tempos brilhantes...

4 comentários:

eduardo disse...

Paradoxo! é complicado crescer e realmente vc ver que esta tudo limitado.
Sempre tentando ir mais alem !
essa é a missão

Constanza disse...

Eu entendo, eu também sinto e também calo. Seguir escrevendo no caminho árduo? Ou calar e tossir? Gastrite inevitável, com ou sem a escrita. Belo blog!

Beijos,
Constanza

Anônimo disse...

Segue meu blog aih pelo seu

http://www.apapenas.blogspot.com.br/

Sara disse...

a verdade que estas coisas colocar a pensar se é verdade que nós temos que fazer isso mais vezes, mas o trabalho infantil e mais coisas que você não tem tempo, mas talvez você tem que ter tempo para ir a restaurantes em itaim bibi e fazê-lo.