quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Por fim...

Sopro a fumaça para cima procurando alguma magia nos meus gestos escuros.
Peço desculpas pelas lágrimas que me escorrem sem querer.
Peço desculpas sempre, por tudo que fiz e agradeço pelo pouco que recebi.
Imagino como seria minha história se as mentiras das pessoas funcionassem comigo.
Doeria menos ?
E pensar que um dia procurei sentido na vida.. em viver.. em estar viva.
Paro. Respiro. Dói.
Os livros que eu não li, os que deixei pela metade, os que me preencheram, os que me fizeram chorar.
As gavetas .. abarrotadas de lembranças de todas as pessoas que conheci.
Minhas fotos antigas, meus diários de criança...Alianças.
Pequenos laços, cartas, bilhetes.
Essas coisas velhas que eu não sei como jogar fora, eu não sei como queimar e continuar vivendo como se aquilo nunca tivesse existido.
É como não me conformar nunca com tudo que acontece.
Algumas fotos eu rasguei, doeu demais. Rasgar não diminuiu nada. Só transformou em metáfora o que eu sentia : o peito rasgado.. os hematomas no plexo solar.. fingindo dormir. Tudo bem...
Já é Novembro.
Sempre nessa época do ano me sinto assim. Vou caminhando e sinto pequenos pedaços ficando caídos, perdidos pelos caminhos desconhecidos que percorro.
Penso em fugas novamente.
Mas fugir daqui não resolve . O problema é comigo.
Enquanto eu não puder fugir de mim, me perder, me esconder, não me ter mais ao alcance dos olhos. Nada vai adiantar.
Não sei o que fazer com todo esse material que usei pra estancar o sangue, agora seco, dessas grandes fendas em ruínas que me tornei.
Forasteiros tentam me escalar e fazem pequenas pedrinhas, pequenos pedaços meus, rolarem montanha abaixo, tornando-me sofrida e menor. Com menos pedras. Entende ?
Não sei como fazer pra não permitir que isso me machuque tanto.
Para que isso não me diminua assim. Ou pelo menos disfarçar que estou quebrada e inutilizável.
Acorrentadas aos meus ombros, estão lembranças que me sangrarão para sempre enquanto eu ainda puder me lembrar... Um dia aleatório,deitada numa calçada.. eu era grande, mas nesse dia, enxerguei-me muito pequena, quase uma criança.. dizendo que eu sabia da força que tinha, e que o choro era por saber que viver doeria para sempre enquanto eu pudesse sentir alguma coisa. 

2 comentários:

Aline Ferreira disse...

como é bom ler o que escreves. é como se eu pudesse sentir dores diferentes das minhas.

Anônimo disse...

ah que legal , gostei