terça-feira, 3 de maio de 2011

Eu queria fugir.
Já disse muito isso por aqui. Nunca foi novidade , eu sempre quis fugir da minha vida. 
Mas não por eu ser covarde ou não suportá-la. Fugir. Só pela adrenalina . Fugir , só por uns dias. 
E depois voltar , de ressaca , e ver a preocupação na cara das pessoas mais próximas , tipo : por onde esteve por três dias ? 


Mas ao invés disso, eu fico aqui , levanto as seis , esquento o leite , e nos dias mais frios , fico olhando o orvalho escorrer das folhas pela janela estreita. 
Seis e quarenta eu coloco os fones nos ouvidos, coloco a outra alça da mochila no ombro , travo a porta e vou.
Caminho um pouco, no frio , eu raciocino bem mais , e mais rápido. Consigo pensar em muita coisa nos vinte minutos que tenho no caminho entre minha casa e a escola. 
É cedo , e então meus olhos ardem , porque o céu está claro demais, não está azul como de costume , está bem branco e dói olhar diretamente pra ele. 
Enfio as mãos nos bolsos procurando alguma quentura . Não encontro. 


Eu chego, esquento alguma coisa para comer , leio durante o dia , estudo um pouco , ouço música .
A noite eu coloco minhas roupas preferidas, todas amassadas e vou caminhar . As vezes sozinha, as vezes não.


Ascendo um cigarro. Olho em volta. Gosto muito desses lugares-esconderijos que sempre vou.
Na maioria das vezes que venho aqui , fumo alguma coisa que acelere meu coração , seque minha boca e me faça demorar o olhar na natureza morta que fica ao redor.
É bom. 
Me faz pensar numa velocidade que não sei explicar. 
As vezes passam pessoas em volta , e elas me olham como se eu fosse o fundo do poço da sociedade.
Mas eu não me importo. E penso que a cabeça lacrada deles , é o fim da humanidade.


Eu sempre quis alguém que amasse as minhas loucuras , minhas ganas por aventuras e dias frios. Mas eu nunca encontro ninguém. Uma vez encontrei uma pessoa que também gostava de música mexicana. Mas é claro, estranho seria se ele tivesse ficado. Foi embora.












Eu queria fugir. Eu queria alguém para fugir comigo. 






Daí eu trago , fundo , ardido. Estou quase tossindo. Me afundo no cobertor e conto as estrelas. 
Pisco, primeiro devagar, depois três piscadas rápidas. 






Á esquerda , a estrada mais rápida para Wonderland. 

2 comentários:

Anônimo disse...

muito bom!

Ray Guilhon disse...

muito legal o seu blog. interessantíssimo. Ja estou seguindo . abraços